Talvez seja a indústria exorcística a mãe ou madrasta do católico persecutório e do jovem místico: a partir dela, quaisquer sofrimentos comum do homem normal como paralisia do sono, alucinações hipnagógicas, dores de cabeça, pesadelos, ansiedade, depressão, traumas ou transtornos dissociativos), podem ser interpretados como resultados de uma ação diabólica ou de um grande malefício.
Apesar desse problema, o que nos chega nos textos e pouca gente dá valor é o fato de que os personagens exorcizados dos livros são majoritariamente psicóticos, que vivem trancados em casa, testemunhas de assassinatos, chacinas, suicídios e desastres. Mentirosos POR patológica NECESSIDADE, são os mesmos que procurarão todo o tipo de superstição para afogar seus males, o que contempla desde o frango com farofa na encruza e banhos de ervas até a visita do exorcista – que para eles possui o mesmo valor de todas as outras tentativas. Nem sempre eram, nem precisavam e nem se tornaram bons e exemplares católicos após isso – apesar de, presumimos, ganharem depois um espaço na equipe de “apoio” dos padres como “sensitivos” e “intercessores”, pessoas raramente normais e amiúde pertencentes à classe dos neuropatas.
Reparem que ao apresentar um release da vida pregressa do sujet, o próprio exorcista dirá o que afirmamos: buscaram o tarô, o feitiço, o encanto, as pedras, a consulta aos mortos, o satanismo… e não compreendendo que todas as procuras eram elas sintomas de uma doença por vezes claríssima, dirão que são elas a causa. Assim, hipnose, rock, objeto encantado, tudo será meio seguro de invocar e absorver demônios.
Basta olhar com os olhos da cara: muitas das coisas macabras e ocultas só são procuradas por transtornados, dementes ou obcecados, mas o exorcista muitas vezes inculto, impressionado e carismático dirá que a pessoa era “tranquila”, “piedosa”, “trabalhadora”, que talvez um dia foi ao satanismo beber sangue de crianças, assim, por pura e simples curiosidade…
